Douglas Dutra

11 de nov de 20192 min

Renúncia de Morales deixa vácuo político e provoca noite de violência na Bolívia

A capital da Bolívia registrou confrontos violentos na madrugada desta segunda-feira, com edifícios incendiados durante supostos ataques retaliatórios depois que Evo Morales, presidente do país desde 2006, renunciou devido à pressão resultante de uma eleição questionada no mês passado.
 

 

 
No domingo, Morales disse que renunciaria para apaziguar a violência que tomou conta da nação sul-americana desde a eleição, mas despertou o temor de mais tumultos ao repudiar um “golpe” contra ele e dizer que sua casa foi atacada.
 

 

 
As tensões no país, que está em ebulição há semanas, aumentaram durante a noite em meio ao vácuo político criado pela saída de Morales, seu vice-presidente e muitos de seus aliados políticos.
 

 

 
Na capital La Paz e na cidade de Santa Cruz, no leste, multidões comemoraram a renúncia de Morales, que provocou ira ao concorrer a um quarto mandato desafiando limites de mandatos e declarar vitória em uma eleição maculada por alegações de fraude.
 

 

 
Com a chegada da noite, porém, gangues percorreram as ruas saqueando negócios e ateando fogo em propriedades. Waldo Albarracín, acadêmico e figura destacada da oposição, tuitou que sua casa foi incendiada por apoiadores de Morales.
 

 

 
Outro vídeo muito compartilhado pareceu mostrar pessoas dentro da propriedade de Morales e pichações nas paredes depois que o líder de esquerda viajou para outra parte do país.
 

 

 
Inicialmente, não ficou claro quem assumirá o comando da Bolívia até a convocação de novas eleições, mas a senadora de oposição Jeanine Añez disse em comentários transmitidos pela televisão que aceitaria a responsabilidade.
 

 

 
De acordo com a lei boliviana, na ausência do presidente e do vice-presidente, o chefe do Senado assumiria provisoriamente — mas a ocupante do cargo, Adriana Salvatierra, também renunciou na noite de domingo.
 

 

 
Parlamentares devem se reunir nesta segunda-feira para aprovar uma comissão ou parlamentar que teria o controle administrativo temporário da nação, segundo um advogado constitucionalista que conversou com a Reuters.
 

 

 
Um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgado no domingo disse que a eleição de 20 de outubro deveria ser anulada e que uma nova votação deveria ser realizada depois de descobrir “manipulações claras” do sistema eleitoral que criaram dúvidas sobre o triunfo de Morales.


 
Por Daniel Ramos, Gram Slattery e Monica Machicao. Foto Luisa Gonzalez