Oficinas dos CAPS proporcionam reinserção dos pacientes na sociedade
Expor mensalmente o resultado de um trabalho que objetiva a terapia ocupacional, é parte importante para os pacientes, principalmente os portadores de depressão, do Centro de Apoio Psicossocial, o CAPS Farroupilha, órgão que é uma extensão da Secretaria Municipal de Saúde e trata de pessoas com transtornos mentais
Expostos na Praça Inácia Machado da Silveira, o popular Palanque, as peças confeccionadas com bordados, crochê ou originárias da costura, são parte importante no tratamento que busca reinserir de forma total e digna aqueles que - por terem adquirido doenças da mente, são geralmente afastados.
Leida Ortiz é um exemplo disso. Aos 60 anos garante: as oficinas são parte importante para que o tratamento contra a depressão, que até então a castigava, tivesse êxito total.
“Desde que passei a integrar o grupo de apoio onde aprendemos os ofícios, me afastei da doença. As oficinas me fazem muito bem e o aprendizado que assimilei e que me permitem confeccionar guardanapos, bonecas, mantas entre outros, também é a minha única fonte de renda, pois me possibilitou ainda integrar uma associação de artesãs”, conta.
Marli Zenatti é uma das acompanhantes terapêuticas que não só ficam à frente, mas também participa ativamente dos grupos existentes no CAPS. Ela lamenta a falta de conhecimento e também compreensão de uma fatia significativa da sociedade que exclui os ditos “diferentes”.
“Somos tão iguais que asseguro: aqui não temos aprendizes já que igualmente assimilamos e repassamos conhecimento, enfim, há uma ajuda mútua, o que traduz nossa igualdade”.
“Todos nós, sem distinção, portadores ou não de um transtorno temos nossos dias bons e nossos dias ruins. Eles não são loucos, embora assim sejam apontados muitas vezes nas ruas”, amplia Marli.
As experiências vividas e trocadas no Centro de Apoio atraíram a estudante de psicologia da UFPel, Renata Peres, 24 anos, que se voluntariou para adicionar conhecimento à faculdade escolhida. Ela está no segundo semestre e além de destacar o trabalho desenvolvido, se soma a Marli ao falar da exclusão de quem é taxado ou classificado de louco.
“Eles são muito julgados. As pessoas não conseguem entender que todos tem uma vida normal, pois nós que temos essa aparente “normalidade” temos também nossos dias bons e ruins. Me voluntariei e está sendo uma experiência positiva, já que foi possível saber que vou aprender muito mais do que ensinar a essas pessoas que a sociedade deveria reconhecer mais e que aqui no CAPS lhes é dada a oportunidade de resgatar a autonomia”.