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Líder do Movimento Negro de Piratini fala sobre racismo, cotas e futuro da negritude no Brasil


Por ocasião das atividades alusivas a data em que a negritude fica em evidência no Brasil, o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a professora Eva Maria Pinheiro, líder do Movimento Negro de Piratini, comentou em um dos eventos que integrou as atividades, sobre racismo, as tão discutidas cotas para minorias em universidades e a preocupação que tem no tocante à raça, devido a posicionamentos com relação ao assunto já revelados pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.


Para ela, no município, o tratamento e oportunidades desiguais devido ao racismo são perceptíveis de formas diversas, o que muitas vezes nem mesmo os integrantes da raça se dão conta ou tomam providencias para rechaçar.


“Em Piratini o racismo é velado e existe em todos os espaços: educação, trabalho, enfim...Quem o comete nem sempre se dá conta das marcas, da mágoa que deixa nos atingidos com esse absurdo, e quem é alvo acaba em algumas oportunidades não percebendo o que ocorre, achando normal essa situação passível de repulsa, entendendo que isso bobagem, ”, disse a professora.


Por entender que os negros, inclusive desde o princípio de sua idade escolar não contam com a mesma base financeira e espaço social para ter acesso à educação, Eva disse que é inteiramente a favor das cotas inclusive reservadas a quem se declara negro do momento de acessar a universidade no país.


“Para nós as oportunidades são imensamente menores, assim discordo que as cotas sejam uma maneira de inferiorizar componentes da raça, sendo na minha concepção uma forma de reparação por tudo que nossos antepassados passaram, uma vez que, foram tratados como bichos ao serem instrumentos de trabalho de seus donos, tanto que estes foram indenizados quando perderam sua mão de obra escrava, e aos judiados restou trabalhar pela comida quando a escravidão foi abolida, então as cotas são apenas parte da resposta a este absurdo”, observa.


Ela concluiu falando de sua preocupação com o futuro da negritude no Brasil após a eleição de Bolsonaro, uma vez que ele já possui uma condenação por racismo, e seu futuro ministro da educação, Ricardo Vélez Rodrigues, outrora se manifestou contra a questão das cotas.


“Nosso futuro é uma incógnita. É preocupante e triste ver como o presidente trata as minorias, então não temos boas perspectivas, uma vez que ele diz que todos somos iguais, mas entendo que isso é uma realidade até que nossas diferenças nos descaracterizem, nos tornando por exemplo, impossibilitados de uma vaga de trabalho ou em uma faculdade, pois nessa hora as igualdade não nos contempla”, finaliza.



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