Nova gestão do Museu define seus planos
Francieli (dir.) e a secretária de Cultura do Estado. Foto: reprodução
Em um mês à frente da direção do Museu Histórico Farroupilha, Francieli Domingues, que é professora de história, traça planos para seu primeiro ano de gestão da instituição.
“Quando assumi, fizemos um levantamento junto à secretária de Cultura (do Estado, Beatriz Araújo) dos nossos déficits, e estamos fazendo, para ser entregue em maio, um novo Plano Museológico, que vai mostrar todas as potencialidades, dificuldades e o todo funcionamento do Museu.”
A respeito das dificuldades encontradas, Francieli destaca que a acessibilidade ao Governo do Estado ajuda a solucionar estes problemas. “Encontramos algumas coisas na manutenção e no plano de prevenção contra incêndio, mas com o respaldo que estamos recebendo do Governo do Estado, logo vamos conseguir solucionar. Acho que, a partir de agora, podemos chegar até o Governo pela porta da frente, com uma secretária da nossa região, que tem um contato maior com a nossa realidade.”
Quanto às atividades do Museu, Francieli já traça planos de ação para os próximos meses. “Partindo da minha formação como professora de história, a gente começa a mudar um pouco os rumos do Museu. A gente começa a enxergar a história que está omissa, das mulheres, dos negros, dos índios, e pretendemos trabalhar essas temáticas com as escolas. Nesse primeiro mês, estamos com uma exposição sobre a importância da mulher no contexto da guerra e na formação econômica do estado. No próximo mês vamos trabalhar a história da indumentária gaúcha, que, até chegar a bombacha, houve toda uma história, e nós também vamos trabalhar isso na escola.”
Essa preocupação com grupos esquecidos da nossa história abrange a participação do negro na Revolução Farroupilha. “Vamos trabalhar com estudos científicos sobre a participação do negro na Revolução. Se sabe que tinham 500 lanceiros negros, mas quem eram estes lanceiros? Que nomes tinham? Os que sobreviveram, pra onde foram? A gente quer tornar científico esse estudo e valorizar o negro no contexto Farroupilha.”
Outro grupo marginalizado da história, os índios, também será valorizado durante a gestão. “A gente sabe que o nome da cidade vem do tupi-guarani, mas quem foram esses índios? Onde e como eles viveram? Eles sobreviveram? O que resta desse grupo de índios? Se sabe que, em 1814, 180 índios habitavam Piratini, fugitivos das Missões Jesuíticas, da guerra Guaranítica. É uma missão pessoal minha trabalhar essa história em Piratini. Buscando pessoas que se aceitem como descendentes de indígenas.”
Francieli também pretende melhorar a curadoria, contextualizando a história de cada peça. “Temos apoio da Universidade Federal de Pelotas, com profissionais capacitados pra limpeza e tratamento devido. Uma boa parte das peças foi doada e não temos muitas informações. Sabemos o doador, mas não sabemos sua história.”
Uma novidade para a Semana Farroupilha de 2019 é o projeto do Museu Vivo, que pretende ilustrar a história da Revolução Farroupilha com atores representando os personagens históricos.
A gestão também pretende aprimorar a acessibilidade do Museu, em especial para estrangeiros. “Vamos colocar tarjas de identificação nas peças em inglês, espanhol e português. Também vamos fazer uma narrativa da história presente no Museu para contemplar as pessoas com deficiência audiovisual.”
O Museu está aberto de terça a sexta-feira, das 09:00 às 11:30 e das 13:30 às 17:00 e sábados, domingos e feriados, das 14:30 às 17:00.