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Agrotóxicos encontrados na água estão em concentração segura


Reportagem divulgada pela Agência Pública, Repórter Brasil e pela organização Public Eye, com dados do Ministério da Saúde, revela que um coquetel com diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017.As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.


Empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os pesticidas que são obrigados por lei a testar, desses, 16 são classificados como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas.


Em Piratini, dois testes realizados em 2016 detectaram a presença do agrotóxico DDT, no entanto, em concentração inferior aos limites estabelecidos pelos padrões europeu e brasileiro, sendo considerado seguro para o consumo. Em Pinheiro Machado, testes realizados entre 2015 e 2016 encontraram, além do DDT, o herbicida Atrazina, com concentrações dentro dos limites considerados seguros. Em sete testes, a Atrazina foi encontrada apenas uma vez, enquanto o DDT foi encontrado duas vezes.


O DDT, encontrado na água de Piratini e Pinheiro Machado, é proibido tanto no Brasil como na União Europeia, e é classificado como extremamente tóxico, e é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como provavelmente carcinogênico para humanos, sendo encontradas relações entre o câncer testicular e o câncer de fígado, com fortes evidências de que afeta os sistemas imunológico e sexual. No Brasil, o limite máximo de DDT permitido na água é de 1µg/L (micrograma por litro), na União Europeia, o máximo é de 0.1µg/L.


A Atrazina, encontrada em Pinheiro Machado, é avaliada pela Pesticide Action Network (PAN) como altamente perigosa, e tem-se evidências de causar distúrbios endócrinos, afetando o sistema hormonal. No Brasil, o herbicida é autorizado e é considerado medianamente tóxico, com concentrações máximas na água de 2µg/L.


Em nota, a Corsan esclarece que a água distribuída nos 317 municípios gaúchos atende rigorosamente à legislação, e ressalta que a água analisada na pesquisa é a água bruta, antes de passar pelo tratamento, e que não há histórico de presença de agrotóxicos na água já tratada.


Em outras cidades da região também foram detectados agrotóxicos na água. Em Pelotas e Rio Grande, foram detectados todos os 27 agrotóxicos testados, com concentrações acima do limite europeu. Em Pedro Osório, foram detectados 12 agrotóxicos, em Jaguarão, 11, com as duas cidades tendo concentrações acima do limite europeu. Em Morro Redondo, foram detectados 13 agrotóxicos, todos dentro dos limites europeu e brasileiro. Capão do Leão e Arroio Grande detectaram apenas um, o DDT. Em Pedras Altas, não foi encontrado nenhum agrotóxico. Em Canguçu, Herval e Candiota não foram feitos testes.


Reportagem completa sobre as pesquisas feitas em todo o Brasil estão disponíveis na Agência Pública. Dados de cada município com informações sobre cada agrotóxico, estão disponíveis no site Por trás do alimento.

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