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Diferenças entre El Niño e La Niña marcam mudanças climáticas


Depois de três anos sendo protagonista de muitos eventos climatológicos, o La Niña sai de cena e, aos poucos, o El Niño se prepara para chegar. O anúncio do fim de La Niña foi feito no dia 9 de março pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) e já vinha sendo previsto desde o início deste ano, devido às condições atmosféricas e oceânicas. Ainda que, no momento, estejamos em um período de neutralidade, o El Niño já é esperado e, com isso, alguns padrões de clima devem mudar.


Tanto um, quanto outro, são fenômenos atmosféricos caracterizados, principalmente, pelas condições de temperatura no Oceano Pacífico. Segundo o meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Murilo Machado Lopes, quando as águas na região equatorial do Oceano Pacífico aquecem pelo menos 0,5°C por alguns dias, significa a chegada do fenômeno El Niño. Já quando as águas esfriam, é sinal de La Niña.


Conforme a Climatempo, o El Niño pode durar até um ano e vem com intensidade maior do que eventos de La Niña. É como se a energia mais duradouro do segundo fosse concentrada em um período mais curto no primeiro. O La Niña não tem tanta intensidade, mas dura mais. Um exemplo pode ser a estiagem que atingiu o RS nos últimos anos. Já o El Niño, por sua vez, tem intensidade moderada, por vezes forte, mas com duração menor.


— Geralmente temos um La Niña durador depois de um El Niño forte, mas esse último foi um evento raro. Não tivemos um El Niño forte antecedendo, e mesmo assim ficamos com três anos de La Niña. Mas não é porque tivemos esse período atípico que conseguimos prever como será o próximo fenômeno. Ainda é cedo para saber qual será a intensidade do El Niño, que deve começar na primavera — acrescenta Lopes.


Características do El Niño e do La Niña

Em período de neutralidade, o padrão climático do Rio Grande do Sul será de temperaturas e precipitações dentro da média esperada. Isso indica, de acordo com o professor de climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Francisco Eliseu Aquino, que nos próximos meses o Estado deverá receber chuva regular, o que é um cenário mais positivo do que o visto pelos gaúchos nos últimos meses.


A estiagem no Rio Grande do Sul é uma marca do La Niña, uma vez que o fenômeno diminui o volume e frequência da chuva, aumentando a seca. Já o El Niño traz para os gaúchos aumento de temperaturas e de precipitações, podendo causar situações de enchente e inundação, por exemplo. Os fenômenos têm efeitos quase que opostos.


— Em anos de La Niña, existe a tendência de diminuir a precipitação no sul do Brasil e na direção centro-sul da Argentina, enquanto chove acima da média no norte da Região Amazônica. Quando tem El Niño, aumenta a precipitação no sul do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, mas no norte do Amazonas e na direção da América Central, fica mais seco — complementa Aquino.


Para o professor, que também é pesquisador do Centro Polar e Climático da Universidade, os últimos anos de El Niño foram intensos. O registrado nos anos de 1997 e 1998 é conhecido como um dos mais intensos do século. Já um dos últimos, de 2015 e 2016, ficou responsável por fazer com que 2016 fosse definido como um dos anos mais quentes da história, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).


— É possível que, entre 2023 e 2024, observemos um dos anos mais quentes do século, porque o El Niño favorece para o aumento das temperaturas, junto com outros fatores. Os eventos não param de se superar, então agora, começando na primavera, podemos ter um El Niño moderado mas com impactos iguais a um El Niño forte — conclui.

*Produção: Yasmim Girardi

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