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Safra recorde de trigo no Rio Grande do Sul pode ter dificuldades de comercialização


As cooperativas filiadas à Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS) têm hoje em seus armazéns cerca de 3,2 milhões de toneladas de trigo colhidos em 2022, de uma safra recorde no Estado que deve ultrapassar os 5 milhões de toneladas. Na apresentação do balanço de final de ano, nesta terça-feira, o presidente da federação, Paulo Pires, afirma que este ano, particularmente, mostrou a resiliência do produtor, que, mesmo afetado pelos prejuízos do verão, apostou nas cultura de inverno, em especial no trigo, elevando o plantio a uma área de 1,48 milhão de hectares. Pires, entretanto, reconhece que a comercialização de todo este volume não será fácil, o que pode influenciar no preço da saca do grão, hoje por volta dos R$ 84,00.


O dirigente explica que a janela ideal para a venda do trigo é mais ou menos entre dezembro e março e que, até o momento, não está sendo plenamente aproveitada. Segundo ele, o Porto de Rio Grande está capacitado para embarcar até 1,5 milhão de toneladas de trigo por mês, mas a quantidade não está sendo atingida e, por isso, a exportação do grão gaúcho deve ficar em torno dos 3 milhões de toneladas do ano passado, que corresponderam a 70% da safra. Pires salienta que há negócios fechados até agora na ordem dos 2 milhões de toneladas, panorama que poderá mudar conforme a demanda, já que os vizinhos Paraná (com problemas de qualidade) e Argentina (com quebra de quase 50% em sua safra) serão competidores de mercado menos fortes este ano. "No entanto, temos a Rússia, com uma supersafra de trigo, com 97 milhões de toneladas, que vai entrar nesta conta", adverte ele.


O presidente da Fecoagro/RS destacou que as cooperativas agropecuárias devem fechar o ano com um faturamento de cerca de R$ 32 bilhões, refletindo crescimento bruto de 8%, mas sem considerar na conta o milho e soja, com volumes colhidos inferiores em média em 50%, decorrente dos efeitos da estiagem. Sendo um setor que sempre se relacionou bem com os governos, Pires acredita que na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se inicia em 1º de janeiro, não será diferente. As tratativas com o governo estadual também devem seguir positivas, com ênfase na necessidade de fazer acontecer a ampliação das estruturas de irrigação no Estado, hoje apenas correspondentes à 12% da área plantada, como forma de diminuir os prejuízos do produtor em períodos de escassez hídrica.


Informações: Correio do Povo

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